Notícia de 20/05/2021.
Um grupo de dez artesãos de São Pedro da Serra concluiu na última terça-feira, 18 de maio, na Escola Imaculado Coração de Maria, uma capacitação sobre Design de Produtos e Iconografia Regional. Ministrada pela designer Fernanda Sklovsky, com o apoio da Emater/RS-Ascar, a atividade foi dividida em seis aulas online que se somaram a mentorias individuais personalizadas feitas por meios digitais. Ao final, cada artesã apresentou a criação de uma coleção de três produtos com identidade territorial e valor agregado, com vistas a fortalecer o turismo e a gastronomia da região.
Fernanda explica que o projeto teve como ponto de partida o Dia da Criatividade – evento realizado em São Sebastião do Caí em meados de 2019 e que teve o objetivo de unir artesanato e design a partir da importância do contexto histórico e cultural de uma região como aspecto que agrega valor para as peças, também visou a “lançar” os artesãos no universo online. “A ideia foi capacitá-los para conhecer as principais ferramentas e formas de venda e comunicação na realidade do mundo pós-covid”, destaca.
Nesse sentido, em cada etapa da qualificação, a designer reforçou a importância do designer territorial como uma “ferramenta” capaz de descortinar a história por trás dos produtos artesanais, trazendo-o para o seu contexto cultural. Para Fernanda, a tradição, os valores e a identidade local em que o artesanato é produzido devem ser preservados, mas sem que se abra mão da funcionalidade, da ergonomia e do visual dos produtos. “Condição que gera satisfação ao consumidor”, avalia.
Para a artesã Cristina Graff, a capacitação representou um “divisor de águas” nesse aspecto. Adepta recente da técnica japonesa amigurumi – que produz pequenos objetos ou bonecos feitos de tricô e crochê – foi estimulada pela designer a olhar para a sua produção a partir das qualidades e referências locais que podem. “Foi assim que saí do lugar comum e passei a utilizar a técnica para criar chaveiros em formato de pequenas abelhas e pesos de porta que emulam grandes canecas de chopp”, exemplifica a artesã.
Foi dessa forma que as peças ganharam a “cara” do lugar, que é marcado pela produção apícola e pelo Festival da Cerveja, conferindo a este um aspecto simbólico e cultural que se manifesta por meio do design. Para a presidente da Associação Municipal de Artesãos Cantinho da Arte, Ione Maria Cornelius, a atividade foi riquíssima justamente por possibilitar o olhar para a identidade local. “Muitas vezes estamos habituados a certo padrão de produção e assim foi possível conferir personalidade àquilo que criamos”, analisou.
Viabilizada por meio do projeto inscrito na Lei Aldir Blanc, a qualificação obteve um aporte de recursos de cerca de R$ 5 mil do governo federal. Para a prefeita de São Pedro da Serra, Isabel Cornelius, o fato de ser o primeiro município do Vale do Caí a realizar tal ação é motivo de orgulho. “É um projeto feito a muitas mãos, com bons resultados e que nos motiva enquanto gestores” avaliou, enquanto agradecia o suporte da Emater/RS-Ascar - que atua em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Sepadr) do Governo do Estado - e da extensionista Teresinha Lunkes Stein na articulação.
Acompanhando o encerramento do curso, a extensionista Social da Emater/RS-Ascar Elizangela Teixeira valorizou os trabalhos entregues pelas artesãs, apresentados com critério, de forma pensada, planejada. “A gente percebe assim a sensação de pertencimento do coletivo, que passa a se perceber melhor como integrante da região”, reforçou. Mesmo após a conclusão, o grupo deve se manter ativo, devendo os próximos passos os reforçar a divulgação dos trabalhos nas redes sociais. “No fim das contas trata-se de uma oportunidade que surgiu, em meio a tempos tão difíceis”, concluiu Ione.
Texto: Tiago Bald/Emater.